Morta de fome, mas consegui financiamento

A construção de dramaturgias do corpo, nas cenas e nas pedagogias, como objeto das pesquisas do Grupo Teatrodança me fez sobreviver e configurar o erudito e o popular com a cultura assumindo concepções complementares.

Digo que a estratégia inovadora para comportamentos pacíficos, ‘Meninilha’ e ‘Ilhadas”, trazem organicidades que se encarnam para falar da violência contra o sentimento feminino, seja nos seres ou nas identidades transitórias. A trilogia se reporta não simplesmente ao gênero, palavra que se reporta a noções diversas, e sim à emoção compassiva que está presente em todos os seres humanos. A perda irreparável deste sentimento nos faz mergulhar em mundos individualistas e perder a energia que move as ações criativas, afetivas e coletivas.

Marc Ferréz diz como a ‘boa artista morre de fome, mas não lambe bota do estado’.

Então, entro em editais públicos. Minha alma permanece. A carne fica incólume. No Edital Prêmio Literário da Secretaria da Cultura do Maranhão a dramaturgia que se intitula com os nomes das mulheres trancafiadas e torturadas, as desgraçadas Quitéria e Inês, recebeu o financiamento para que a publicação do livro e a produção do espetáculo seja materializada.